Roda 2 - Racismo e Preconceito na sociedade brasileira

Pescadoras e pescadores baianos discutem Racismo e Preconceito na sociedade Brasileira

Por Carolina Carvalho

A Pastoral de Pescadoras e Pescadores, junto com o Irohin, recebeu no último dia 26 de julho, a palestrante Inaê Adami Santos para desenvolver o tema aos profissionais da pesca no bairro da Ribeira, em Salvador.

A atividade teve início com a apresentação dos organizadores – IROHIN e a Pastoral de Pescadoras e Pescadores – momento em que foi informado aos presentes o objetivo daquela atividade e que a realização de Rodas de Debate, como aquela, faziam parte das atividades de um Convênio firmado com o governo federal através do Ministério da Mulher, da família e dos Direitos Humanos, com apoio financeira de uma Emenda Parlamentar da Deputada Luiza Erundina, visando a criação de uma Biblioteca Digital que colocará à disposição de estudantes, pesquisadores e do público em geral uma biblioteca especializada, contendo diversificado material bibliográfico (livros, periódicos, separatas, folhetos), material arquivístico (relatórios, documentos de organizações negras, cartazes, panfletos, matérias jornalísticas, fotos, filmes e fitas).

Em seguida, o debate iniciou-se com propostas reflexivas sobre a importância de valorizar a memória, a história da população negra, para que ela se reconheça e ressignifique sua trajetória e contribuição na constituição da sociedade brasileira. A atividade foi permeada por depoimentos das pescadoras e pescadores sobre a degradação das marés por grandes empreendimentos, que desrespeitam as populações ribeirinhas, degradando o meio ambiente e dificultando o exercício da pesca artesanal nas localidades. Em nome do “desenvolvimento”, alteram ecossistemas, desalojam e deslocam as pessoas, praticando racismo ambiental. Os pescadores entendem que essa ação é discriminatória, pois desencadeia um processo de empobrecimento das famílias afetadas, exterminando espécies de peixes, mariscos e outros pescados.

Mergulhando no passado, a gente ativa a memória para chegar ao futuro”, afirmou o pescador Aloísio Pedro em sua intervenção. Por sua vez, a pescadora Carla Borges disse acreditar que “os dominadores vivem esvaziando a nossa memória para nos desumanizar e destituir de sentido a nossa existência”. Em seguida, ela contou que uma nascente em São Brás, reconhecida como fonte milagrosa, há décadas, estava sendo descaracterizada por pessoas totalmente estranhas à comunidade. “Eles querem, simplesmente, apagar tudo que nos importa”, lamentou.

“O racismo animaliza e estigmatiza. O estigma desumaniza”, declarou a palestrante e militante do movimento negro Inaê Admi, que explicou como a publicidade, há anos, vem reforçando o racismo no Brasil. Nesse sentido, afirmou: “A propaganda não vende só produtos, vende valores. Há muito tempo, eles vendem violência, discriminação, visibilizam a população negra. É preciso reconhecer a existência da população negra no Brasil”, disse. E concluiu com o conceito do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Muniz Sodré, sobre o tema: “a publicidade vampiriza a imagem do negro”.




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