Roda 6 - O racismo e o extermínio da juventude negra

 Jovens do ensino médio participam de oficina “O Racismo e o extermínio da Juventude Negra”, no Colégio Polivalente na cidade de Candeias

Por Carolina Carvalho

O ano de 2020 mal começou, mas para os alunos do Colégio Estadual Polivalente, localizado na cidade de Candeias/BA, trazer o tema do extermínio da juventude negra no Brasil para dentro da sala de aula já não pode mais esperar. Com a condução da palestrante Inaê Adami Santos e representantes da entidade IROHIN, o início do encontro se deu com a explicação aos presentes sobre o objetivo da atividade e que a realização de Rodas de Debate, como aquela, faziam parte de um Convênio firmado com o governo federal através do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que teve apoio financeiro de uma Emenda Parlamentar da Deputada Luiza Erundina, cujo objetivo é a criação de uma Biblioteca Digital que colocará à disposição de estudantes, pesquisadores e do público em geral uma biblioteca especializada, contendo diversificado material bibliográfico (livros, periódicos, separatas, folhetos), material arquivístico (relatórios, documentos de organizações negras, cartazes, panfletos, matérias jornalísticas, fotos, filmes e fitas).

Isto posto, a palestrante abriu o debate com os estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, sobre a discriminação combinada com a situação socioeconômica como a cor da pele torna esta parcela da população a mais vulnerável quando se fala em homicídios por morte violenta. Dados apresentados comprovaram que, no Brasil, a probabilidade do negro ser vítima de homicídio é oito pontos percentuais maior, mesmo quando se compara indivíduos com escolaridade e características socioeconômicas semelhantes.

Muitos estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Polivalente de Candeias, participaram dessa atividade. Na opinião da participante Neiva Carla de Souza Matos Araújo, “a atividade despertou nos alunos uma reflexão fundamental para as suas existências”. Ela disse que o tema debatido na oficina é “de extrema importância para que as pessoas negras se reconheçam e tomem consciência da necessidade de reelaborar conceitos e compreender os efeitos do racismo em suas vidas”.

Já para Rodrigues Lopes Soares, que reagiu positivamente às provocações feitas pela palestrante, disse que não vai se deixar abater pelas dificuldades na busca de suas metas, enfatizando que seu projeto de vida é ser um empreendedor, investir em um negócio próprio e ajudar sua família a ter independência, crescer e ser feliz. Já Leonel dos Santos Rafael, elogiou a didática da oficina e disse que as estratégias utilizadas facilitaram a compreensão do tema, que ele considerava complexo e delicado.

O ponto mais emocionante do encontro ficou a cargo da leitura, por parte da palestrante, para os presentes, o seguinte texto:

“Se minha linguagem te incomoda, lá no gueto tô na moda / Se minhas gírias te ofendem, todos lá me compreendem / Meu caráter anda comigo, quem vê cara não vê coração / Me diz, o que aba reta tem a ver com ser ladrão / Só queria entender, alguém pode explicar / O que tem de errado com meu jeito de andar / Sou da periferia, mas também sou irmão / Preconceito gera violência / Se ligue na ideia, negão!”. Foi ritmando essas estrofes da música ‘Aba Reta’

(do cantor baiano Igor Kannário)



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