Roda 5 - O racismo institucional

 Sindicato reúne funcionários da Petrobras em debate “O Racismo Institucional”.

Por Carolina Carvalho

Um grupo entusiasmado de trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras – a 10ª maior petroleira do mundo (Forbes 2018), deu uma pausa nas atividades profissionais para discutir as implicações do racismo nas suas próprias vidas e na realidade da sociedade brasileira. Eles/as participaram da oficina “O Racismo institucional”, realizada no dia 18 de novembro de 2019, na sede da instituição, em Salvador. A atividade integra um ciclo de encontros promovidos pelo Ìrohìn – Centro de Documentação, Comunicação e Memória Afro-brasileira. Durante o evento, participantes contribuíram com as discussões sobre diferentes aspectos do racismo no dia a dia de brasileiras e brasileiros negros e não negros, trazendo experiências pessoais e da coletividade.

Logo no início representante da entidade IROHIN explicou aos presentes o objetivo daquela atividade e que a realização de Rodas de Debate, como aquele, faziam parte de um Convênio firmado com o governo federal através do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que teve apoio financeiro de uma Emenda Parlamentar da Deputada Luiza Erundina, cujo objetivo é a criação de uma Biblioteca Digital que colocará à disposição de estudantes, pesquisadores e do público em geral uma biblioteca especializada, contendo diversificado material bibliográfico (livros, periódicos, separatas, folhetos), material arquivístico (relatórios, documentos de organizações negras, cartazes, panfletos, matérias jornalísticas, fotos, filmes e fitas).

Após uma rodada com a apresentação de todos/as presentes deu início a apresentação do palestrante professor doutor Edson Cardoso que iniciou sua explanação enfatizando que: “Até hoje, a tortura, a escravização estrutural da sociedade brasileira, quer continuar nos silenciando”, Ele disse que suas reflexões estão inspiradas no livro ‘Memórias da Plantação – Episódios de racismo cotidiano’, da escritora portuguesa Grada Kilomba. A obra é uma compilação de episódios diários de racismo, escritos sob a forma de pequenas histórias psicanalíticas. “Quando a gente pensa a luta do povo preto, a gente tem que pensar na nossa ancestralidade, nossa história de união e resolutividade para as questões do dia a dia e da nossa resistência”, afirmou.

Para Jailza Barbosa, a história da Petrobras é reveladora de como o racismo vem sendo estruturado no país. “A empresa foi construída por homens e mulheres negros e negras, aqui, na Bahia, para mais tarde, quando já estava consolidada como um grande empreendimento, ser apropriada por uma elite, que transferiu sua sede para o Rio de Janeiro”, relatou. De fato, a Petrobras foi criada na década de 1950, a partir da descoberta de petróleo em território baiano. A companhia é estruturada a partir da força de trabalhadores arregimentados nos campos da região do Recôncavo do estado e o seu crescimento também se deve à resistência desses desbravadores, que inauguraram a atividade industrial num período em que o país tinha uma economia de base eminentemente agrícola.

Finalizando a Oficina o professor Edson Cardoso enfatizou que “O movimento negro insiste sobre a importância da história da África ser essencial para nós. Porque ser humano é ser humano na história. Sem história o ser humano não é humano. Temos que conhecer de onde viemos. Não saímos do porão de um navio, mas de histórias milenares de civilização e cultura”.



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